Seaspiracy faz um mergulho profundo no mundo sombrio da pesca comercial para inspirar reflexões a respeito dos danos causados por ela
Antes considerados indestrutíveis e intermináveis, os oceanos estão cada vez mais vulneráveis por causa da atividade humana. Com muita frequência, a pesca comercial é deixada de fora das discussões sobre poluição do oceano, extinção de espécies e bem-estar animal. Seaspiracy visa virar o jogo sobre o sigilo generalizado, a corrupção da pesca industrial e os danos que causam.
Compartilhamos aqui alguns pontos importantes do filme.
1. A PESCA NÃO prejudica só os peixes
A pesca traz a imagem de um barco solitário, chefiado por um capitão gentil, certo? Esta é a história vendida aos consumidores, mas não poderia estar mais longe da verdade. Até 3 trilhões de peixes são capturados para alimentação a cada ano, o que equivale a 5 milhões mortos a cada minuto. Isso significa que a pesca comercial abate mais animais do que qualquer indústria do planeta.
Mas existem outras vítimas dessa violência, não apenas os animais em nossos pratos. A captura acidental (aquela espécie não-alvo capturada por “acidente”) é responsável por aproximadamente 40% do que se pesca a nível mundial. Como os animais não-alvo são considerados resíduos, são jogados de volta ao mar e muitas vezes morrem antes mesmo de chegarem a água.
De acordo com o Seaspiracy, comer peixe não é apenas uma sentença de morte para os animais incluídos em nossas refeições, mas também é responsável pela morte de 300.000 baleias e golfinhos e 300.000 aves marinhas. A captura acidental é a maior ameaça às tartarugas marinhas e não os canudos de plástico.
“A pesca é a caça invisível da vida selvagem em grande escala”
Ali Tabrizi, diretor
2. A PESCA EXCESSIVA ESTÁ MATANDO OS OCEANOS
Os oceanos são os maiores escoadouros de carbono do planeta, portanto, preservar a saúde deles é fundamental para a sobrevivência humana. Tabrizi investiga o impacto da pesca predatória. Seaspiracy coloca indústrias como a de barbatanas de tubarão e de caça a baleias em águas ainda mais turvas, além de destacar como os subsídios dos governos e a falta de aplicação da lei deixam os oceanos vulneráveis à pesca excessiva.
Remover grandes predadores do oceano para que os humanos possam comer peixes menores perturba todo o ecossistema do oceano, afetando tudo, até as populações de recifes de coral e causando zonas mortas.
De forma preocupante, Seaspiracy afirma que menos de 1% dos oceanos do mundo estão protegidos das práticas de pesca industrial e, de acordo com os pesquisadores, pelo menos 30% deles precisam ser fechados para a pesca comercial para ter alguma chance de recuperação.
“A humanidade não é capaz de viver neste planeta com um mar morto”
Cyrill Gutsch, fundador de Parley for the Oceans
3. A PESCA PODE SER SUSTENTÁVEL?
Muitos governos e organizações ambientais insistem que a pesca sustentável é a solução, mas essas práticas não são recomendadas. Tabrizi coloca a situação em termos econômicos: se os oceanos estão em grande déficit, então pode ser sustentável continuar gastando recursos que não temos? Suas investigações destacam as condições perigosas para os trabalhadores da pesca e como o cumprimento das regras é impossível no mar.
As pisciculturas não são muito melhores. Vemos o estimado salmão escocês sofrer infestações de piolhos, anemia e ataques cardíacos depois de viver em seus próprios dejetos. Mesmo os rótulos de confiança do consumidor nem sempre são o que dizem na embalagem. A indústria de alimentos está fervilhando com termos como “pescado de forma sustentável” e “alto bem-estar”, que são deliberadamente vagos o suficiente para fazer com que os clientes se sintam melhor sobre comer frutos do mar, mas sem ter um impacto real nos animais ou no meio ambiente. A conclusão? A melhor ação que você pode realizar para sustentar os oceanos é não comer os animais que vivem neles.
4. O PLÁSTICO NÃO É A MAIOR AMEAÇA PARA OS OCEANOS
Todos nós já tivemos contato com os vídeos virais de tartarugas com canudo de plástico enfiados no nariz e baleias mortas com sacos plásticos em seus estômagos. Mas a “Grande Mancha de Lixo do Pacífico”, a maior área concentrada de lixo oceânico, é composta principalmente de equipamentos de pesca abandonados. Onde estão as manchetes sobre isso?
Seaspiracy destaca como o lixo plástico da pesca nunca é notícia de primeira página e as organizações focadas no plástico se recusam a comentar o assunto. Nas palavras de Tabrizi, acabar com canudos de plástico para salvar os oceanos é como boicotar palitos de dente para salvar a destruição da floresta amazônica. A destruição causada pela pesca nunca é responsabilizada, enquanto canudos plásticos são usados como bode expiatório.
“Mesmo que nem um único grama de plástico entrasse nos oceanos a partir de hoje, ainda estaríamos destruindo esses ecossistemas porque o maior problema, de longe, é a pesca industrial”
George Monbiot, escritor e ecologista
5. peixes sentem dor
Por muito tempo, o mito de que os peixes não sentem dor persistiu. Isso torna mais fácil para a indústria justificar a carnificina da pesca comercial. Os peixes não apenas sentem dor, eles podem sentir medo, ter habilidades de memória e inteligência, bem como ter vidas sociais complexas.
Em vez de justificar o consumo de frutos do mar com base no impacto ecológico, precisamos ver esses animais como indivíduos que merecem viver. Não questionamos se tartarugas marinhas e golfinhos merecem viver – os peixes não merecem o mesmo?
Como você pode ajudar?
A melhor coisa que a maioria de nós pode fazer para ajudar nossos oceanos – e todas as espécies que vivem neles – é parar de comer frutos do mar. Experimente o veganismo por 31 dias conosco e nós enviaremos a você muitas dicas e receitas sem peixe.