As perguntas mais frequentes sobre veganismo que você sempre quis saber

Dia 1º de novembro se celebra o Dia Mundial do Veganismo, uma data especial para estimular e inspirar ainda mais pessoas a aderirem a uma alimentação baseada em plantas e sem sofrimento animal. Mas você sabe como surgiu essa data? 

O Dia Mundial do Veganismo foi criado no ano de 1994, por Louise Wallis, presidente da The Vegan Society. Além de marcar presença no calendário mundial e incentivar muitas pessoas a conhecer o movimento, a criação também foi uma forma de celebrar o 50º aniversário da fundação. 

Para marcar a data, a Veganuary abriu uma caixinha de perguntas no instagram para ver quais eram as principais dúvidas que a audiência tem sobre veganismo. Com elas, fomos atrás de influencers de todas as áreas para responder essas dúvidas. Quer saber mais? Vem com a gente! 

ESTILO DE VIDA 

Criança pode ser vegana? 

Claiti Cortes responde: 

Sim! A Associação Dietética Britânica e a Academia Americana de Nutrição e Dietética a alimentação vegana afirmam que é adequada a todas as fases da vida, isso inclui lactação e infância.  

O que precisa se atentar é que a criança esteja recebendo todas as vitaminas e nutrientes essenciais para o seu desenvolvimento. Isso serve para todas as crianças. Durante os seis primeiros meses a criança vai ter o aleitamento materno exclusivo, o que é o recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria, e ali ela vai ter todos os nutrientes que ela precisa. E a partir dos seis meses começa a introdução alimentar e é importante que a gente tenha uma variedade muito grande de alimentos pra que ela consiga ter todas as vitaminas que ela precisa. E aí tem a questão da B12 que precisa ser suplementada, que não é diferente de outras suplementações, como a de ferro, por exemplo, como é recomendada pela Sociedade Brasileira de Pediatria, por exemplo, pra todas as crianças.  

Mas, sim, as crianças podem ser veganas, desde que tenham uma alimentação saudável e variada, como qualquer outra criança.  

Como conviver com os familiares não veganos? 

Claiti Cortes responde: 

Eu sei que pode ser um desafio para muita gente, mas acredito que o caminho seja uma comunicação mais pacífica e com respeito pra tentar trazer uma harmonia para o meio.  

No início pode ser que surjam muitas dúvidas porque ainda há um preconceito com a alimentação vegana, mas aos poucos você pode ir mostrando que não é nada de outro mundo, que você vai continuar participando das confraternizações, que dá pra veganizar muitas receitas e ter receitas gostosas, fáceis e acessíveis e eu tenho certeza de que com o tempo eles vão sendo mais abertos a provar, muitas vezes comendo mais da comida vegana do que a gente mesmo. E entender que como você teve todo um processo, você teve que descobrir muita coisa, teve algo que te levou, te motivou para o veganismo, talvez para os seus familiares ainda não tenha surgido isso, ou então eles não querem realmente, e aí a gente precisa partir realmente do bom senso e do respeito pra entender essas diferenças, assim como a gente também quer ser acolhido nessas diferenças. Então acredito que seja muito isso: muito diálogo e aí mostrar pra eles que embora muita coisa tenha mudado, o seu amor, o seu carinho, a sua convivência com eles não vai ser abalada a partir disso. 

Como explicar para minha família que eu virei vegano? 

Carol Mussi – Mussinha responde: 

Pra começo de conversa você tem que ter muito orgulho dessa mudança e na hora de contar lembra que a sua família ainda não teve acesso às mesmas informações que você teve e que te motivaram a virar vegano. Muitas vezes a gente só fala, só joga a informação e normalmente a família fica preocupada porque acha que você não vai comer mais nada, que você vai viver à base de salada e semente de linhaça. Então é importante, sim, você ouvir as preocupações deles e argumentar tranquilizando-os. A maioria das pessoas nem sabe que vegano come arroz, feijão, batata, salada, legumes, macarrão, lentilha, pão. Então mostra pra eles não é esse bicho de sete cabeças. Você também pode mostrar fotos, vídeos de veganos que te inspiram, e mostra também alguns documentários. As pessoas acham ou podem achar que veganismo é algum tipo de religião e através do diálogo que a gente consegue desconstruir um pouco esses preconceitos. E é assim que a gente mostra que veganismo é um estilo de vida pautado no respeito aos animais. É simples, acessível e muito sustentável. 

ALIMENTAÇÃO 

Se eu virar vegano nunca mais vou poder comer bolos, tortas, pudins ou chocolates? 

Carol Mussi – Mussinha responde: 

Imagina! De forma alguma! E eu digo isso com toda a propriedade do mundo porque eu sou a pessoa mais formiga que existe. Você pode fazer bolo usando os ingredientes mais básicos da sua cozinha: bolo, pudins, tortas. Esse medo que as pessoas têm acontece porque existe um mito, que vegano só come salada ou coisas verdes com semente e não é que seja ruim, mas não é sobre isso. Você pode comer todas as sobremesas do mundo na versão vegana. Sorvete, cookie, brownie sem usar nenhum ingrediente de origem animal. Olha só essa receita de bolo de chocolate, por exemplo: farinha de trigo, açúcar, chocolate em pó, fermento, bicarbonato, água, óleo, vinagre, mistura tudo, forno e tá pronto. Aliás, eu vou ser ousada em dizer que a confeitaria vegana ela é melhor que a tradicional que só sabe usar leite condensado a torto e a direito. Na confeitaria vegana a gente usa muito mais bases, é muito mais criativo, saboroso e sem nenhum sofrimento animal. 

O que é alimentação plant based? Qual é a base da alimentação plant based? 

Gabi Pereira, nutricionista, responde: 

Quando a gente fala em alimentação à base de plantas, nós estamos falando de alimentos íntegros, em sua forma mais pura e natural, sem nenhum tipo de processamento. Estou falando de frutas, legumes, verduras, leguminosas, cereais, sementes, oleaginosas. Esses alimentos são a base da alimentação plant based (à base de plantas, em inglês), onde também excluímos todos os alimentos de origem animal e priorizamos alimentos minimamente processados. Dessa forma garantimos uma alimentação muito mais nutritiva que tem maior biodisponibilidade de antioxidantes e compostos bioativos, chega aí a 60 vezes mais compostos antioxidantes do que a alimentação onívora. 

O que vegano come além de salada? 

Gui Gomes responde: 

Esse é um mito bem grande que muitas pessoas acreditam que veganos só comem salada. E se eu te falar que o que a gente menos come é salada mesmo, de verdade, aquele pratão. Hoje as coisas estão evoluindo, o conhecimento e hoje a gente vê infinitos pratos vegetais. A gente come pizza, a gente come hambúrguer, a gente come lasanha. A gente come tudo o que uma pessoa come carne consome, só que na forma de alimentos de origem vegetal. O alimento é muito mais do que só comê-lo, é a forma que a gente prepara. A pessoa não pega uma carne crua e simplesmente a come, tem que preparar. Com os vegetais da mesma forma. A gente consegue de uma maneira eficiente como prepara, como utiliza os temperos, pra ter um alimento além de saudável, saboroso e gostoso. 

vegan bone health
Image credit- Unsplash

SAÚDE 

Os veganos podem treinar força? 

Dani Lima,  personal trainer, responde: 

A resposta é sim. Independentemente de ser vegano ou não o treino de força depende de você ter uma alimentação adequada pra manter uma intensidade alta. E a alimentação à base de plantas, uma alimentação mais natural possível sendo vegana, ela fornece muita energia, tanto dos carboidratos que é a principal fonte de glicogênio pra gente conseguir manter uma intensidade alta nos treinos de força, como também de nutrientes essenciais, como antioxidantes. 

Então é superpossível manter um treino de alta intensidade comendo de forma vegana, o mais natural possível.  

Veganismo pode trazer melhora à sua saúde? 

Dani Lima,  personal trainer, responde: 

A resposta é com certeza. Eu falo isso por experiência própria, mas também acompanho amigos e alunos que tão fazendo a transição e o simples fato de diminuir o consumo de derivados e proteína animal já traz uma melhora significativa em exames laboratoriais, exame de sangue que mede ali todos os seus marcadores saudáveis pra um bom funcionamento do organismo. Eu quando comecei a fazer a transição senti uma melhora muito significativa de disposição e humor. A minha rotina é muito cansativa por trabalhar presencial e ativamente, mas isso melhorou muito o meu cansaço, o meu bom humor, a minha disposição. Então além de exames, a melhora física também é muito significativa tendo uma alimentação o mais natural possível à base de plantas sem derivados e sem proteína animal. 

Quem vira vegano corre o risco de ter anemia? 

Gabi Pereira responde: 

Para ter anemia, provavelmente a pessoa não substituiu a carne, o alimento de origem animal de forma inteligente. Você precisa colocar no seu prato leguminosas, vegetais de cor verde escura. Estou falando de feijão, grão-de-bico, lentilha, ervilha, rúcula, agrião, couve, brócolis, taioba. Esses alimentos são excelentes fontes de ferro vegetal, ferro não-M. Mas você também pode ajudar a potencializar a absorção do ferro adicionando vitamina C na refeição, basta espremer um limão na salada ou após a refeição ingerir um kiwi, uma laranja, uma goiaba, uma mexerica, que são excelentes fontes de vitamina C. Você também deve evitar consumir café e chocolate após a refeição, pois pode reduzir a absorção de ferro. E vale deixar os grãos de molho antes do cozimento porque assim potencializa a absorção desse mineral. 

Como faz com as proteínas? 

Sarah Nichele, nutricionista, responde: 

As coisas na realidade são mais simples do que parecem. No reino vegetal a gente encontra todos os aminoácidos essenciais e que compõem as proteínas, então podemos ficar tranquilos com essa questão. O mais relevante é que você entenda que alguns grupos alimentares têm fontes mais substanciosas e consideráveis desses aminoácidos, e aqui a gente tá falando especialmente do grupo das leguminosas: feijão, ervilha, lentilha, grão-de-bico, soja, em combinação com os cereais. Isso é que muito interessante. Nas leguminosas a gente tem alguns aminoácidos em quantidades menores e outros em quantidades maiores e os cereais complementam perfeitamente esses aminoácidos deficitários um no outro. Então quando a gente combina essas leguminosas com alimentos como milho, arroz, quinoa, que são os cereais, a gente tem todos os aminoácidos necessários pra promover a síntese proteica dentro do nosso corpo. Se você puder e quiser complementar isso com algumas castanhas e sementes, ainda vai agregar ainda mais aminoácidos, ainda mais proteína nesse contexto. E se você precisar de uma ajudinha a mais aí, caso queira fazer um processo de ganho de massa muscular, ainda pode fazer uso dos suplementos proteicos de base vegetal, como a proteína isolada de ervilha, de soja ou de arroz. 

Isolated shot of confused beautiful woman with dark skin, curly haircut, spreads hands sideways, smirks face, feels doubt while makes choice, dressed in casual jumper, isolated over purple wall
Isolated shot of confused beautiful woman with dark skin, curly haircut, spreads hands sideways, smirks face, feels doubt while makes choice, dressed in casual jumper, isolated over purple wall

MITOS 

As plantas também são mortas. Você não sente pena? 

Gui Gomes responde:  

Nós veganos recebemos inúmeros comentários, inúmeras perguntas que por vezes são ofensivas, mas por vezes o pessoal acredita mesmo e quer perguntar pra saber. As plantas não possuem sistema nervoso, esse é o grande diferencial quando se fala de animais e plantas. Por mais que seja um ser vivo, ela não tem um sistema nervoso que permite a ela sentir dor. É uma coisa tão óbvia, mas a gente precisa explicar, as pessoas sempre falam isso. E o que gente tem pena mesmo dos animais é por conta disso: eles têm sistema nervoso, eles conseguem sentir dor igual a gente, inclusive os peixes. É uma crueldade muito grande o que a indústria faz com eles até chegar ao nosso prato e é por isso que existe a nossa causa. 

Não consumir leite animal faz mal aos ossos? 

Sarah Nichele, nutricionista, responde: 

Primeiro ponto: o que tem por trás dessa pergunta. Quando se abre mão dos laticínios, uma característica bem relevante desse grupo alimentar é o papel que desempenha a cumprir nossas necessidades diárias de cálcio, porque é um nutriente muito relevante pra nossa saúde óssea, entre outros desfechos. Uma porção de laticínio vai ter aproximadamente 25% das nossas necessidades diárias de cálcio. Ao abrir mão desse grupo alimentar, a gente tem que ter a preocupação de consumir algumas fontes que sejam substanciosas de cálcio no reino vegetal, e felizmente a gente tem várias fontes relevantes nesse sentido. Aqui eu dou destaque para as folhas verdes escuras, em especial a couve, temos a chia, o gergelim, o tahine, o tofu, o feijão branco, e um recurso superlegal industrializado que tem hoje em dia são os leites vegetais enriquecidos com cálcio. A depender da marca você pode encontrar opções com até 40% da necessidade diária desse nutriente. Então quando a gente faz a exclusão dos laticínios é superlegal que a gente acrescente esses alimentos no nosso dia a dia: chia, tofu, gergelim, folhas verdes escuras e também o feijão branco e se você conseguir, os leites vegetais enriquecidos com cálcio também são um recurso bem prático pra gente colocar no dia a dia.  

Gostou? Então fique de olho em nossas redes sociais: lá você encontra muito conteúdo inspirador e prático para iniciar uma dieta baseada em plantas. Segue a gente no Instagram e Facebook

PREPARADO PARA ASSUMIR O COMPROMISSO VEGANUARY?

Veganuary é o maior movimento pelo veganismo no mundo, inspirando pessoas a experimentar o veganismo em janeiro e pelo resto do ano

Mais publicações...